A minha dor me corta
Me corta o peito
A cabeça
Me corta a voz
Me faltam lágrimas
Me seca a boca
Me ofusca os olhos
A minha dor
Dói
Me deixa sem cor
Me desbota as roupas
Me tira o tempero do almoço
A minha dor
Me fala do que não tenho
Me mostra meus desejos
Me traz o translúcido desejo do analgésico-cura
Me veste com trapos
Me expõe farrapo
Me deturpa-condena
Me impõe esquecer que “sou filho do carbono e do amoníaco”
Me lembra do “EU” de Augusto
Me apaga os Anjos
Me faz velar os Velosos que não escuto
Me corta Lumieri, Almadôvar, Kurosawa
Me arranca Fellini e apaga Masina
Me oferta um mundo sem arte
Me esconde o pão e circo, que os Romanos já ofereciam...
Me faz matar o leão e não comer a carne
A minha dor
Me coloca às margens da farmácia-vida
Me grita palavras que não escuto por não sabê-las
E ainda Me leram que: “quem não luta pelos seus direitos, não é digno de tê-los"
A minha dor
Só não Me subtrai a alegria da vida.
Um comentário:
Ler este poema trás lembranças...
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Se desejar, deixa umas palavrinhas... rs