Reserva da Antologia Pessoal: 2010

SEM ANULAR-ME


Leonard Zelig
Entre um riso e outro,
Um camaleão...

Sentados,
Eu, meu egoísmo e Allen

Enquanto a janela
Projetando imagens
Ensinava-me a não agradar aos outros

SAUDADE

A saudade é algo que dói
trazida pelo tempo
e pela distância.

Distância que provocamos
ou que somos vitimas.

DE TÃO TRIVIAL TORNA-SE INVISÍVEL

Eu com as idéias na mão
Observava as duras sementes
Continentes de significados
Sementes haikais

Compacto e calado

Mirei o homem
Que tomava refrigerante
Para livrar-se do que não conseguia engolir

E quando desviei o olhar
Enquadrei, sem zoom,
A adolescente que pedalava
No outro lado da rua
Com voluptuosidade comum

Impacto ignóbil
Único

O grito torpe do cafajeste
“é muita areia pro meu caminhãozinho!”
Tirou-me o foco da lente

SOLDADOS DAS FLORES

Não reclamem do espinho
do espinho da flor
defesa da flor
vejam o sofrimento
do espinho sozinho.
Flor com flor
novos florais
espinhos não se cruzam
talvez para não formarem outros...
são condenados
à sofrerem só.

NO DICIONÁRIO

                   QUARTÃ chegou ardente

                       numa QUARTA-FEIRA

                    no outro lado do QUARTEIRÃO

                    frente ao QUARTEL
                    QUARTEL-GENERAL
                   um QUARTETO cantava
                    a QUARTINHA
                    que estava no QUARTO
                  QUARTO-DE-MILHA era o cavalo
que se chamava QUARTZO
                e também estava lá QUASE cantando
                 num compasso QUATERNÁRIO
                 falando do QUATI
                   comendo QUATORZE aves
                   durante um QUATRIÊNIO
                             um QUATRILHÂO ouviu aquela música
                  dos QUATRO cantores
                 QUATROCENTOS colibris
                            foi o nome QUE deram à música da retreta

LÍNGUAS VIGILANTES

Desmancha-se na boca
açúcar
de pele áspera
o ácido abacaxi
fitando o jambo
de quem todos desejam
a morenidade
enquanto limão e tamarindo
azedos
atrapalham o romance
invejado

DESENHOS

Delírios
eventuais
sedentos de ti
entram em mim
numa velocidade quente

Herméticos, os olhos estiveram
a ver o invisível momento

Sede nas bocas
enquanto palavras e delírios desenhávamos

BOCA

           Boca
emergia no corpo
lambendo
           bebendo
elástico desejo
límpida sensação da carne.

PROPOSITAL

Quando sentires falta do inicio
                                ou do fim
é porque só me interessa
mostrar o meio.

NÓS

A luz
gotejava
sobre a grama
enquanto a água
fazia brilhar
teu corpo sereno
quando o sol
já havia se retirado
sem querer testemunhar
tua língua
sugando meu suor

O OLHAR E NÃO TE VER

O  que já suspiramos nas nossas alcovas
Me sufoca
O que já tocaram nossos lábios
Me sufoca
O que já lamberam nossas línguas
Me sufoca
O que já sentiram nossas narinas
Me sufoca
O banho de chuva que nunca tomamos
Me sufoca
O vazio que deixamos entre nós
Me sufoca

REPLETO


Profuso
Belo
O projetar dos olhos
Frente ao espaço
No fim da tarde
Onde a cor do sol
Derramasse  exuberante
No azul celestial

Você torna-se silhueta
Cálida e tranquila
De contornos negros
Sugando a beleza do cenário
Extasiando-me

Extasiando-me
Sugando a beleza do cenário
De contornos negros
Cálida e tranquila
Você torna-se silhueta

No azul celestial
Derramasse exuberante
Onde a cor do sol
No fim da tarde
Frente ao espaço
Torna-se
O projetar dos olhos
Belo
Profuso

TRIBOS DO URBANO DELETÉRIO

Daqui não vejo
O paraíso de Rousseau
Só as tribos de Bordieur

Enquanto escuto Sampa de Veloso
E tudo vai se definindo num novo dia
Em que não devemos esperar,
Como nos fala Holanda,
Temos é que agir duas vezes
A cada instante
Nesta cidade doentia

INSPIRADO NUM SORRISO DE AEROMOÇA QUE VI EM MINHA CASA

De um lado do muro,
O gargalhar de prazeres descrito no Capital
Do outro,
Escárnios da agonia
Nas cidades deletérias
Turbilhões de emoções
No homem urbano multifacetado
De relações superficiais,
Seres descartáveis...


Que alívio!
                  Quando ninguém encontro no elevador
Que bom!
                  Só eu e o espelho,
                  Sem ter que falar bom dia e sorrir vazio.

ÂNSIA

Fio de luz
fio de luz em arco
               em arco
no marinho quase negro
viaja como barco...
eu
marinheiro naufrago dos olhos meus
observo-a sem encontrar-te.

LABIRINTO

O dicionário em cima da mesa
não me mostra palavras
deixando teus olhos sem tradução...
enigmas que o cotonete
impediu-me de ouvir
e minha boca não consegue falar

135 EM 23

No dia em que o vento corria
Na rua em reta
No dia em que a rua era viva
No dia em que eu vim
Eu vida...
No gargalhar dos meus
Na oitava hora e meia do dia
Entre um riso banguela e um banho
Um sono em alegria

VISIONÁRIO MERGULHO

Quando eu era o visionário
Com minha luneta na mão
Não observava o teu signo
Revirava imagens por baixo das unhas
Sem querer ver ou ser
O escafandrista de agora
Que mergulha na flor da tua pele
Movido pelo ego
E ondas de desejo


POR SOLAR

O sol se vai
trazendo melancolia
nas suas cores
no lusco-fusco
do fim de tarde vermelho
                        rosa
                        azul
                        azul quase verde
                               quase negro
                        sobre um horizonte verde
                        verde e vivo
                                  quase morto
no melancólico solitário por solar.

GEOMETRIA DESCRITIVA

As retas
são seguras
      constantes
      monótonas.

As curvas
               encantadoras
          desafiantes
     envolventes.

EXCITAÇÃO

Apesar da vontade...

Você não comeu meus olhos.
Até tirei os óculos
para não machucar tua boca.

DEGUSTAÇÃO

O açúcar desmanchava-se na boca
enquanto olhava teus lábios molhados
sedentos por eles
ficaram meus olhos.

Foi um sabor quente
que queimava cortando o silêncio
que invadiu o céu da minha boca
me fazendo levitar.

“SOL”

Para o céu,
azul.

Marinho quase negro,
a noite.

Vermelho quase sangra,
no fim da tarde.

Quase não suporto ver
no meio do dia
queimando minha retina
no “centro” do olho.

PINTANDO-NOS

O vermelho
Se unia ao amarelo
Num doce laranja
Pano de fundo
Para o nosso amor

Nosso amor
amor
multicolor

ZIGUE - ZAGUE

Palavras e pensamentos como recortes
ornando os instantes

lembranças de toques e perfumes
imitando o real

zigue - zague de imagens a rodopiar
instigando novos momentos
onde o vazio não exista em nós

VOCÊ ME PERGUNTANDO O QUE SIGNIFICAVA...

As palavras não tinham palavras
enquanto você perguntava
e eu tentava encontrar respostas
... até que você mergulhou em nós
                       e dobramos o mapa,
                       dobramos as roupas
                       amassamos os lençóis
                       despenteamos os cabelos
                       banhamos os corpos...
e ofegantes
preenchemos silêncios!

BEIJO

                 Um beijo na borda da taça
            Um gole de amor
       Num sofá amarelo
Ou no meio da praça

No veludo da tua língua
       Serenas bolhas estouram
            Buscando o mar
                 Numa alegria cristalina

SETEMBRO

Amanhã
Amanhã é setembro
primavera chegando
o mar verdejando na porta da casa

teus olhos me mirando
o sorriso no rosto
vontade saudade dos beijos de agosto

JAMPAGOSTO

Já é quase primavera...

O sol forte
acorda as flores
que despertarão
um setembro colorido
de aromas afiados.

QUERO

Quero um samba sincopado
um amor profundo
proibido, bandido
como Wilton e Luciana

Quero pelas ruas vagar
te encontrando nas esquinas
no escuro das praças
ou no sol daquelas praias

Quero por ti ser fotografado
sufocando minha dor
nos carnavais muito beijado

E quero no fim
a calmaria da voz de Paulinho da Viola
acalentando nossos sonhos

TAMBÁBA

Numa tarde simbólica
meus olhos lambiam teu corpo
onde não era permitido abraçá-lo

É lei municipal!

VOCÊ...

Você em mim
surge como música incidental

Você em mim
entra quebrando as vidraças...

Intrépida me desafia
com tuas mãos ao amanhecer
antes que o sol em Cabo Branco me acorde

COMO VER UM QUADRO

Existe em mim
Uma grande vontade
                   verdade
Comer teu sorriso
Saborear o brilho dos teus olhos
Beber o som de tua voz
E adormecer em teus cheiros

VINTE POEMAS E UMA DISTÂNCIA VII

O elastério desejo
que estica-se sobre lembranças
lambe ávido
aquele passado
sentindo o sabor
dos teus olhos sorrindo
nas transmutações do corpo
         enquanto holofotes
         lampeiros metediços
         nos buscam

VINTE POEMAS E UMA DISTÂNCIA V

Delineava-se
                    um ácromo
                   acre outono
             frente ao desejo
                 não realizado

VINTE POEMAS E UMA DISTÂNCIA IV

Sudesteava-se minha agulha
                       quando meu coração
                       fisgado no centro...
o país nada entendia

VINTE POEMAS E UMA DISTÂNCIA II

As lagrimas gritam em meus olhos
quando a saudade me toca...

              E na janela que nos vejo
              você me olha sorrindo
              enquanto Irene ri...

ACRE CARÊNCIA

Conspícuo
notável
a transmutação
que me fez taciturno
veio pujante, lutar contra mim...
e agora
           queima fogo acre
           na minha boca
                                amarga
                                a tua ausência
                                                     falta de ti
espaço vazio entre meus braços
como chuva
                  que não encontra na terra
                  a semente
          cometa que vaga
          ermo afora.

STRAUSS

Meus tímpanos
não reclamaram
a percussão do piano.

Meu martelo
não quebrou o desejo de ouvir
a leveza dos passos
que invadiram
meus pensamentos

Meu corpo (só)
não afastou a visão do dançar
e no ar girando
talvez ainda estejamos!

UM HAICAI FRENTE AOS OLHOS

Não vi você lá
estavas aqui
quando procurava-te

PAZ

Quero cravar
                    minha epiderme em teu rosto
com a maior violência
                                do meu carinho
bombardear
                   teus lábios
com mil beijos
atirar
       teu corpo
       em meus braços
te fazendo chorar
                          de prazer...

TARDE AZUL

Tarde de domingo
ao som do azul infinito
que quebra o silêncio...

Tuas palavras
caminham em meus ouvidos
me fazem imaginar
choques rosas
de línguas que procuram
matizes brilhantes
no céu de tua boca.

QUANDO VOCÊ FOI AS COMPRAS

Você se foi
e eu
querendo fazer uma poesia
poesia chocolate
para quando você chegasse
saborear...
comer palavras
com seus olhos famintos
degustando pensamentos
romances nas entrelinhas
segredos entre as letras
açúcares entre eu e você...

DEPOIS DO FIM

De repente você viu que era mais um sonho e acordou,
Lavou o rosto, escovou os dentes e sorriu pro espelho...
Tomou café e foi pra vida...

Dobrou na esquina e lembrou que não era fácil assim.

HOJE

Hoje
Atirei poemas em tua janela
Todos pintados com a cor dos teus olhos
Lábios e seios

Eles falavam de sonhos contidos
Blandícias e sabores de nós

... DEPOIS ACORDEI

Sonheicomvocê
oceanodomeus
ereeuumriodes
aguandoemtimi
sturando-meaot
eusaborenquant
oosaldenóspree
nchianossaslíng
uaseasmãosaca
riciavamasareia
spelesdenós

PASSADOFUTUROAGORA

Um dia fiz um acróstico
Que na embriaguês contraditória da adolescência
Discutia com um compenetrado haicai...

      ...Enquanto eu frente ao olho
      Rodava o caleidoscópio
      Sem ver as imagens fractais da calma maturidade

SONRISA

… encanta oír hablar de sus ojos
de su sonrisa
de su respiración
de su piel
de su cuerpo

los gritos de los inundantes
del su deseo/ voluntad
a devorar yo

O FERRO DE ORFEU

Enquanto eu
passava o quente e mudo ferro
a roupa nada falava
das velhas
ou das novas sujeiras (do mundo)
e os homens lá fora
com suas falhas escatologias
filosofavam sobre a morte
                           juízo final
                           castigos ultra-terrenos
esqueciam-se da hermenêutica
esqueciam-se de viver amando...
construíam edifícios (armadilhas)
matavam famílias
roubavam camelôs
criavam cães ferozes
armavam-se "até os dentes"
matando a natureza
matando o gênero humano...
tomando uísque escocês
falando alto
globalização, dólar, investimentos!!!
julgavam-se píncaros da raça...

Ridículos tiranos!!!!!!!!!!!
meu ferro gritou
vermelho de raiva e orfismo
querendo engomá-los.

Eram imagens sonoras
ecoando no fundo do meu olho

CONGEMINANDO

Nosso encontro
quase choque
era um blues azul
quase jazz cor da pele
numa gaita
      sax
clarinete sex
esbelto tocar...
Corpos bailando
ao som do coração
num salgado suor de pele...
sob o clarão da lua
tendo estrelas como testemunhas.

ENCONTRO

O poema estende-se sobre as palavras
onde o sentir
navega pelos sentimentos
embriagando, embriagando...

Involuntários, os corpos buscam-se
lampeiros e mornos
decuplando-se
ante nossos olhos

VINTE POEMAS E UMA DISTÂNCIA XX

Eu vinha vindo na contramão
te encontrei sorrindo no meio do povo
trazendo um abraço da solidão
fui logo sorrindo por te ver de novo...

          ...e cumprimentando pessoas na multidão
          você de mim sumiu
          para me encontrar depois
          teus olhos, atiravam mel em minha boca
          enquanto os meus, te saboreava por inteira

VINTE POEMAS E UMA DISTÂNCIA III

Rola
do meu olho
ao meu cérebro
    belas imagens
    envolventes
        rebusca-se
        o tímpano
           abrem-se frestas
           do vazio desencontro

OCEANO POÉTICO

Vago barco embriagado
mar afora
mar afora
       barco embriagado
                 de arquitetura pós tudo
                 quase belo
                 quase perfeito
                 imprevisível
                 sem bússola
                 querendo nascer em Neruda
                                viver em Rosa
                                morrer em Augusto.

PELOS PALCOS

São sons
melodias
pano de fundo
cenário
retratando a vida
do velho palhaço

São sons
os gargalhos
roupa amarelada
estilhaços de dor
transformados em risos
no palco (vida).

ENTRE

Entre sente
Sinta as cores do sol
Veja o sabor das montanhas coloridas

Entre sente
Sinta meus poemas
Veja o cheiro de nós

Se atreva na minha janela
Viaje com suas mãos, rodopios em nosso mundo

EU QUERO

Eu quero enviar
Meus mil poemas inacabados
E você com seu sorriso vermelho carmim
Lê-los ofegante mordendo os lábios

Eu quero enviar
A opacidade do meu ser
E você com o brilho ofuscante do seu olhar
Ler-me com tuas cores brilhantes inefáveis

E por fim
Enviar meu corpo sedento
E você com seu carinho inundante
Preencher saciando meus desejos

OBSERVANDO LEMBRANÇAS

Meti o olho no retrovisor
E mergulhei num fractal caleidoscópio
Enquanto as lágrimas lavavam lembranças
Do momento em que eu pedia para te morder,
Morder até antes da dor

METAMORFOSES

Minha poesia metamorfoseou-se
Calçada para o teu caminhar

Bebeu no espelho
Lavou-se na cama
Enxugou-se na luva
E caiu como um beijo
Em nossas bocas

NOSSA MISTURA

Entre espátulas e tintas
Uma relação pastosa
Configurando-se

Nossas vontades tachistas
Em multicoloridas sensações extasiantes

DESEJO

Desejo timoneiro
meta
primeiro

Teus lábios


Desejo tácito
inexato
implícito

Teus olhos


Desejo beleza
carinho
leveza

Tua tez

LA BELLE DE JOUR

A bela da tarde
Corria nua
Pelas avenidas do meu ser

Entre a cozinha e a cama
Cruzava sinais
Deixando-me vermelho
Acariciava-se
Procurando o espelho

Deixava-me beijos na janela
Aumentando saudades dela

MEU VERSO

Meu verso hoje acordou só
Meu verso triste chorou só
Meu verso descobriu que você não o entendeu
                 Quis transformar-se
                 Em palavras puras
                 Em palavras fáceis
                 Que trazem na face
                 O olhar como o teu
                             Como o meu
                 Quis sair de mim
                 E entrar em você, completo
                 Quis certeza sem olhar no espelho
                 Quis entrar em tuas narinas
                         Falar dos beijos
                         Lembrar das caricias
                         Sentar na calçada
                         E com a brisa no rosto
                         Falar de mim para você

EU LÍRICO PROPENDIDO

O meu lirismo

Beira, retrovisor, o Surrealismo
Arma-se com a mais violenta paixão
Atira carinhos e flores nas calçadas
Quebra o espelho de Narciso e voa com Ícaro


O meu lirismo
Faz-se, novamente, Neo-Concreto
Cola o desejo nos carnais murais urbanos
Acaricia o dúctil e o plástico beijo de amor
E por extrusão derrama-se de Neruda à Pessoa

MINHA DOR

A minha dor me corta
                   Me corta o peito
                                  A cabeça
                   Me corta a voz
                   Me faltam lágrimas
                   Me seca a boca
                   Me ofusca os olhos

A minha dor
                   Dói
                   Me deixa sem cor
                   Me desbota as roupas
                   Me tira o tempero do almoço

A minha dor
                  Me fala do que não tenho
                  Me mostra meus desejos
                  Me traz o translúcido desejo do analgésico-cura
                  Me veste com trapos
                  Me expõe farrapo
                  Me deturpa-condena
                  Me impõe esquecer que “sou filho do carbono e do amoníaco”
                  Me lembra do “EU” de Augusto
                  Me apaga os Anjos
                  Me faz velar os Velosos que não escuto
                  Me corta Lumieri, Almadôvar, Kurosawa
                  Me arranca Fellini e apaga Masina
                  Me oferta um mundo sem arte
                  Me esconde o pão e circo, que os Romanos já ofereciam...
                  Me faz matar o leão e não comer a carne

A minha dor
                  Me coloca às margens da farmácia-vida
                  Me grita palavras que não escuto por não sabê-las
      E ainda Me leram que: “quem não luta pelos seus direitos, não é digno de tê-los"

A minha dor
      Só não Me subtrai a alegria da vida.
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