Reserva da Antologia Pessoal: outubro 2010

O OLHAR E NÃO TE VER

O  que já suspiramos nas nossas alcovas
Me sufoca
O que já tocaram nossos lábios
Me sufoca
O que já lamberam nossas línguas
Me sufoca
O que já sentiram nossas narinas
Me sufoca
O banho de chuva que nunca tomamos
Me sufoca
O vazio que deixamos entre nós
Me sufoca

REPLETO


Profuso
Belo
O projetar dos olhos
Frente ao espaço
No fim da tarde
Onde a cor do sol
Derramasse  exuberante
No azul celestial

Você torna-se silhueta
Cálida e tranquila
De contornos negros
Sugando a beleza do cenário
Extasiando-me

Extasiando-me
Sugando a beleza do cenário
De contornos negros
Cálida e tranquila
Você torna-se silhueta

No azul celestial
Derramasse exuberante
Onde a cor do sol
No fim da tarde
Frente ao espaço
Torna-se
O projetar dos olhos
Belo
Profuso

TRIBOS DO URBANO DELETÉRIO

Daqui não vejo
O paraíso de Rousseau
Só as tribos de Bordieur

Enquanto escuto Sampa de Veloso
E tudo vai se definindo num novo dia
Em que não devemos esperar,
Como nos fala Holanda,
Temos é que agir duas vezes
A cada instante
Nesta cidade doentia

INSPIRADO NUM SORRISO DE AEROMOÇA QUE VI EM MINHA CASA

De um lado do muro,
O gargalhar de prazeres descrito no Capital
Do outro,
Escárnios da agonia
Nas cidades deletérias
Turbilhões de emoções
No homem urbano multifacetado
De relações superficiais,
Seres descartáveis...


Que alívio!
                  Quando ninguém encontro no elevador
Que bom!
                  Só eu e o espelho,
                  Sem ter que falar bom dia e sorrir vazio.
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